Pela primeira vez, a PepsiCo admitiu que houve falhas no
processo produtivo em sua fábrica de Guarulhos (Grande São Paulo). O erro fez
com que embalagens de Toddynho contivessem produtos de limpeza em vez de
achocolatado.
"A máquina produziu um pequeno lote que não tinha
Toddynho. Era uma solução que nós usamos para lavar a máquina: água e uma
concentração de detergentes de 2%", diz Vladmir Maganhoto, diretor da
unidade de negócios Toddynho da PepsiCo.
"Pode conter soda cáustica", completou ele. Até
agora, mais de 20 pessoas ingeriram o líquido em caixinhas de Toddynho em 11
cidades do Rio Grande Sul.
Maganhoto só deu entrevista após saber que a Folha ouviu de
um funcionário da fábrica que um dispositivo defeituoso provocou o erro. Antes
disso, a PepsiCo só emitia notas para a imprensa.
Sobre o problema, o diretor informou apenas que "houve
uma falha no processo produtivo como um todo" e que a empresa está
levantando evidências para que o problema não se repita.
Na linha de montagem da fábrica -- que funciona 24 horas e
produz 1,1 milhão de unidades de Toddynho por dia--, o achocolatado já pronto é
levado dos tanques, por tubulações, até nove máquinas que envasam o produto.
Um dispositivo detecta quando o tanque está vazio e
interrompe o processo. Isso permite a lavagem automática do tanque sem que os
produtos de limpeza sejam envasados. O funcionário ouvido pela Folha disse que
a falha ocorreu nesta etapa.
Maganhoto confirma que houve um problema no dia 23 de
agosto, mas não precisou o tipo de anormalidade.
QUATRO MINUTOS
Segundo ele, o problema só foi percebido depois de quatro
minutos do início da lavagem do tanque, quando funcionários viram as embalagens
saindo quentes da esteira e interromperam o funcionamento da máquina.
O diretor diz que funcionários descartaram "uma grande
parte" do que tinha sido envasado, porém 80 caixinhas de Toddynho podem
ter saído da fábrica com o líquido da limpeza. A empresa tenta retirá-los do
mercado.
Maganhoto diz que agora a prioridade é ajudar as vigilâncias
sanitárias e as vítimas, mas que é prematuro discutir sobre indenizações.
As vigilâncias sanitárias estadual e municipal de São Paulo
estiveram na fábrica quatro vezes desde sexta. Os órgãos vão elaborar um
relatório, ainda sem data para ficar pronto.
Fonte: CRISTINA MORENO DE CASTRO
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